Oportunidade perdida em Espanha

O Boavista chegava a Guimarães confiante. Depois da primeira vitória na Liga, tinha feito um bom jogo no Bessa, apesar da eliminação frente ao Sporting de Braga. E dificilmente chegaria à cidade minhota numa altura mais favorável no que toca ao momento emocional do adversário que tinha quatro ponto, ainda só tinha vencido um jogo, sofrido inúmeros golos e se preparava para entrar numa semana diabólica com Boavista em casa depois Liga Europa, seguido de dérbi minhoto com o Braga.

O Boavista entrou em campo com algumas mudanças. Kuca, Talocha e Gilson titulares, num duplo pivot defensivo no meio campo mais pronunciado, com Fábio Espinho perto de Bulos a defender, mas jogando da maneira habitual: domínio consentido, dando a posse ao adversário, aproveitando as bolas paradas e lançando bolas longas para o ponta de lança peruano. Mas com dois apontamentos interessantes: Pressão alta e bloco subido. O contra-ataque, obviamente, também esteve presente em que os alas e Espinho eram fundamentais para que funcionasse bem.

A verdade é que fizemos um boa primeira parte e fomos para intervalo com a moral em alta e os espanhóis nervosos. Muito bem Gilson, a sair e transportar a bola e a condicionar Kiko (pode ser que em casa dê para jogar com Gilson-Espinho/Simão-Rochinha). Tivemos contra-ataques e bolas paradas que assustaram os espanhóis. Tivemos até a melhor oportunidade, pelo Talocha, cujo regresso concordo, apesar das culpa no golo do Vitória (já lá vamos...). Pedia-se que a equipa fosse tão ou mais matreira e venenosa na segunda parte como na primeira.

Infelizmente, não foi isso que aconteceu. A troca de Sturgeon por Hurtado fazia adivinhar uns segundos 45 minutos mais exigentes. Até aos 60' o jogo continuou dividido, mas aos 64' o Guimarães faz a sua melhor jogada, iniciada com um passe em desmarcação de Hurtado (a diferença que é ter UM jogador um pouco mais fantasista, mais perfume, mais qualidade numa equipa da Liga Portuguesa... pronto já me lembrei do Iuri... não é bom sinal, nem o que se queria este ano) que desequilibrou a nossa defesa, seguido de cruzamento onde Talocha ficou a ver Rincón marcar.

A ver-se a perder, esperava-se que a equipa assumisse mais o jogo, mas isso também não se verificou. Tanto porque Miguel Leal demorou a mexer, como por incapacidade da equipa. Pareceu faltar capacidade de circulação à equipa, até porque muitas vezes não estava um jogador no sítio onde a bola poderia ir a seguir (lembro-me do Kuca que nunca estava na linha quando a bola podia lá entrar). Precisamente Kuca fez uma segunda parte miserável, escondido do jogo, em zonas interiores, quando o jogo do Boavista pede o contrário e pede o seu desequilíbrio no um para um, que foi inexistente na segunda parte e não devia ter ficado até ao fim. E a equipa sentiu essa falta porque ainda não tem alternativas a essas soluções individuais que o jogador, em teoria, tem (ai, São Iuri Medeiros...). Sem profundidade dos laterais a atacar e largura à esquerda, a equipa não foi capaz de responder ao golo vimaranense. Já o disse, Miguel Leal demorou a mexer (meter Rochinha e Rui Pedro aos 80' é incompreensível) e as substituições não surtiram o efeito desejado. O Boavista fez seis ataques na segunda parte, o que revela bem o sub-rendimento da equipa.

Uma nota positiva para os centrais do Boavista que só falharam mesmo no golo (será que podiam fazer alguma coisa? Aí Talocha tem mais culpa) e fizeram uma mão cheia de cortes a passes para isolar adversários frente a Vagner que foram essenciais.

Resumindo, há muito a melhorar, muito para trabalhar, mas também há que perceber qual será o melhor onze e qual a táctica (jogar com um 10 ou com triângulo do meio campo invertido?) mais indicada para estes jogadores. Ou então construir a equipa para que haja 14/15 jogadores que vão rodando. Nas laterais temos duas alternativas por posição, no meio campo temos Idris, Espinho, Tahar, agora Gilson e David Simão para três lugares (e temos mais jogadores que podem assumir-se como bons jogadores), temos Rochinha (que pode ser 10, aliás onde gosto mais de o ver), Renato, Mateus e Kuca nas alas e temos Rui Pedro e Bulos (veremos se Leonardo Ruiz consegue impôr-se também). Por isso temos soluções, não há dúvidas. Agora, a paciência tem limites e a dos Boavisteiros já se sabe que não é grande e a pressão vai começar a subir. Melhor, já começou. Fica o aviso.

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Excelente resposta

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