Dos empréstimos (ou como 3 em 7 é uma má média)
Sou, e sempre fui, um grande crítico de uma política de
contratações que inclua empréstimos.
Acho que é extremamente difícil conseguir criar um
verdadeiro espírito de equipa quando se sabe à partida que para o ano aqueles
três jogadores sentados ao meu lado já não vão lá estar.
A acrescer a isso, temos o período de adaptação ao clube (se
for um jogador do futebol nacional) ou mesmo de adaptação ao tipo de futebol
(se for um jogador vindo do estrangeiro).
Neste último caso, e no limite, corremos o risco de o
jogador em questão estar finalmente a 100% no nosso futebol, mas por azar
faltar apenas 1 mês para acabar o campeonato…
E depois o que se segue? Uma procura para colmatar a
inevitável saída do jogador emprestado quando poderíamos estar a reunir
esforços noutros sentidos, de valorização do plantel e/ou da própria estrutura,
por exemplo.
Esta situação torna-se ainda mais gravosa quando, devido aos
empréstimos, desvalorizamos activos do nosso plantel.
Passando a casos concretos,
É inegável que na última época grande parte do nosso futebol
passou por dois jogadores vindos por empréstimo: Iuri Medeiros e Vagner. É
também inegável que se não fosse por empréstimo dificilmente teríamos
capacidade de atrair um jogador com a qualidade do Iuri Medeiros. Temos que ser
realistas e admitir que o Mágico Xadrez já foi mais atraente do que é hoje,
para certos jogadores…
Não obstante estas situações inegáveis, vamos aos factos:
Podemos constatar que, por empréstimo, chegaram os seguintes
jogadores ao Clube: em 2014/2015, Aaron Appindangoyé (9 jogos, 730 min); em
2015/2016, Aymen Tahar (11 jogos, 817min), Mário Martinez (13 jogos, 408 min),
Christian Cangá (2 jogos, 27 min); em 2016/2017, Vagner (14 jogos, 1260
min),Iuri Medeiros (30 jogos, 2565 min) David Mbala (3 jogos, 59 min); e por
último, em 2017/2018, Vagner, Leonardo Ruiz, Yusupha Njie e Rui Pedro.
Ora, desta lista, e até chegarmos a esta época, quantos
jogadores retiramos como elementos que foram efectivamente úteis ao clube? 3?
Tahar, Vagner e Iuri?
Acertar 3 empréstimos em 7 não me parece uma boa média, mas
também, eu nunca fui muito bom a matemática…
Em 2014/2015, por exemplo, contratamos em Janeiro por
empréstimo o Appindangoyé. No mesmo ano, até Janeiro, o Luís Pimenta (7 jogos,
630 min), jovem de 19 anos que tinha na altura contrato com o Clube, integrava
o plantel principal. Não houve um jogo do Appindangoyé que me tenha esclarecido
o porquê de o termos ido buscar e termos “queimado” um jovem activo do Clube,
que entre outras boas exibições, me encheu o olho no jogo da Taça da Liga
contra os espanhóis.
Da mesma forma, em 2015/2016 temos a contratação do Mário
Martinez (atenção que não me esqueço da vitória que nos deu frente ao Paços),
em detrimento de uma aposta séria nos elementos da formação. O jovem Samu, que
na altura até era ligado ao interesse de vários clubes que incluíam o Sporting
(não falo do suposto interesse do Barcelona porque quero manter esta “conversa”
séria) viu-se remetido para 2º plano sem nunca ter conseguido uma oportunidade
séria por parte do treinador da altura, Erwin Sanchéz.
No mesmo ano vamos buscar o Cangá. Quanto a ele, espero
apenas que não tenhamos sido nós a suportar o ordenado dele porque para o tempo
de jogo que o treinador (que o pediu) deu, deve ter sido dos jogadores mais
caros do plantel nesse ano. Querem mesmo fazer-me acreditar que não havia um
jovem da formação que pudesse ter feito o mesmo (quiçá melhor?)?
Exactamente o mesmo que foi dito acerca do Cangá pode ser
dito relativamente ao Mbala, na época de 2016/2017, por isso não me vou alongar
acerca deste jogador. Digo apenas e mais uma vez que não posso acreditar que a
nossa formação esteja assim tão mal ao ponto de um jogador como este tirar o
lugar a um jovem da casa. E não acredito mesmo, ainda para mais vendo a
qualidade que alguns jovens que integram hoje a equipa B, e que jogam na mesma
posição do Mbala, demonstram.
Chegamos à época 2017/2018.
Não vou falar do Rui Pedro porque não seria sério. Não vou
falar do Vagner porque está no lote dos “3 em 7”.
Quanto ao Njie, espero sinceramente que não seja mais um
Cangá ou Mbala. Espero também que o facto de o termos ido buscar por empréstimo
a um clube marroquino não faça com que a sua adaptação a uma nova realidade,
muito mais competitiva por sinal, se prolongue por meia época – não somos um
Clube que se possa dar a esse luxo neste momento.
Quanto ao Leonardo Ruiz, é um miúdo que deve ter muita
qualidade para estar a jogar na equipa B do Sporting. Nós não somos a equipa B
do Sporting. Nós estamos a competir por objectivos diferentes. Não podemos
dar-nos ao luxo de ter a titularidade da frente de ataque entregue a um ponta
de lança fraco por imposições contratuais. Não digo que o Bulos seja a solução
para os nossos males. Apenas digo que é um activo do Clube. O Ruiz não o é.
Prefiro valorizar o que é nosso do que estar a jogar com menos um porque o
Sporting impõe que o jogador jogue.
Em conclusão,
Reafirmo que sou e continuarei a ser um crítico dos
empréstimos.
Não obstante, não sou cego e vejo que o Iuri e o Vagner
foram fundamentais na nossa carreira da época transacta. O Tahar também se
mostrou sempre um jogador razoável, mas talvez não tão importante como os dois
primeiros.
Como tal, deixava o repto à nossa querida Direcção: se temos
mesmo que fazer contratos de empréstimos, façam-nos. Façam com andrades, lagartos ou lampiões, ou até mesmo com clubes
marroquinos. Mas vamos lá ver se aumentamos a média, sim? 3 em 7 é um bocadinho
para o fraco…
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